Você já se perguntou por que é tão importante ensinar crianças a falar sobre o que sentem? Muito mais do que um gesto de carinho, essa atitude é uma base essencial para o desenvolvimento emocional e social infantil.
A infância é o momento em que a criança começa a construir sua identidade, suas formas de se relacionar com o mundo e consigo mesma. Por isso, oferecer um espaço de escuta e acolhimento é uma das práticas mais importantes para quem deseja promover saúde mental infantil desde cedo.
Educação emocional na infância: um investimento para a vida toda
A educação emocional é um processo que começa em casa e pode ser reforçado na escola e na clínica. Quando ajudamos as crianças a nomear e expressar o que estão sentindo, estamos, na verdade, ensinando habilidades fundamentais como:
Reconhecimento e regulação das emoções
Desenvolvimento da empatia
Construção de vínculos afetivos saudáveis
Comunicação emocional clara e não violenta
Essas competências emocionais formam a base da inteligência emocional infantil, que tem impacto direto no bem-estar, na autoestima e até no desempenho escolar.
O afeto precisa de palavras
Segundo a psicanálise infantil, especialmente a abordagem de Donald Winnicott, quando o adulto oferece uma escuta sensível e uma presença acolhedora, a criança se sente compreendida em sua totalidade — o que contribui para o desenvolvimento do chamado “self verdadeiro”.
Esse conceito representa uma identidade emocional autêntica e estável, que nasce quando a criança pode ser ela mesma, com seus sentimentos reconhecidos e respeitados.
Para a psicanálise, sentimentos não expressos podem se manifestar no corpo ou no comportamento da criança, como em sintomas psicossomáticos, agressividade, isolamento ou dificuldade de aprendizado. Já quando colocados em palavras, os afetos deixam de ser um peso inconsciente e passam a ser elaborados pela mente.
Como falar de sentimentos com crianças? Dicas práticas para pais e cuidadores
Falar sobre sentimentos com as crianças não precisa ser complicado. Pequenas atitudes no cotidiano podem fazer uma grande diferença. Veja algumas orientações:
Use uma linguagem simples e acolhedora
Valide os sentimentos da criança (ex: “tudo bem ficar triste”)
Dê nome às emoções: “isso que você está sentindo é raiva?”
Escute com atenção e sem julgamento
Ofereça apoio emocional com presença e afeto
Essas práticas fortalecem o vínculo entre adulto e criança e criam um ambiente seguro para o desenvolvimento emocional saudável.
Porque começar desde cedo?
Quanto mais cedo a criança aprende a reconhecer e lidar com seus sentimentos, mais preparada ela estará para enfrentar frustrações, respeitar limites e construir relacionamentos positivos ao longo da vida.
Além disso, falar sobre sentimentos desde a infância ajuda a prevenir problemas futuros de saúde mental, como ansiedade, depressão ou dificuldades de socialização. A psicologia infantil e a psicanálise infantil são áreas fundamentais nesse processo, oferecendo suporte especializado para que pais e cuidadores possam conduzir essa jornada com consciência e acolhimento.
Psico. Carolina Conte
Psicóloga infantil com especialização em intervenção precoce. Ainda, trabalha com psicanalise e comportamento.
