Textura, cheiro, aparência: o que incomoda o seu filho?

Quando falamos sobre seletividade alimentar infantil, muitos pais pensam primeiro em “falta de vontade” ou “fase difícil”. Mas, para muitas crianças, a recusa está ligada a algo muito mais profundo: a forma como elas sentem o alimento. Textura, cheiro, temperatura e aparência podem ser percebidos de maneira muito intensa — e isso afeta diretamente a relação com a comida.

A alimentação não envolve apenas nutrição; envolve sensações. E quando essas sensações são desconfortáveis, a criança não evita por teimosia, mas por proteção.

Por que a textura incomoda tanto?

Crianças com seletividade podem ter uma sensibilidade oral aumentada. Isso significa que a sensação do alimento na boca pode ser: muito áspera, muito mole, muito pegajosa, muito dura ou muito granulada por exemplo.

Quando o cérebro interpreta essa textura como “ameaça”, a recusa acontece automaticamente. Não é birra. É sensorial.

E o cheiro? Ele também interfere.

O olfato é um dos sentidos mais poderosos na alimentação — ele antecipa o sabor e prepara o corpo para mastigar e engolir.
Quando a criança tem sensibilidade ao cheiro, alimentos comuns como ovo, feijão, peixe, banana ou certos legumes podem provocar incômodo imediato.

Algumas reações comuns:

  • Fechar o nariz

  • Empurrar o prato

  • Cuspir o alimento

  • Sair da mesa

  • Recusar comer em ambientes com cheiro forte

Isso diz muito sobre a forma como ela percebe o mundo..

A aparência também importa!

A apresentação do alimento pode fazer toda a diferença. Muitas crianças com seletividade se incomodam quando:

  • Os alimentos se misturam no prato

  • A cor não corresponde ao esperado

  • Há “pedaços” visíveis

  • A comida vem em um formato novo

O olhar é o primeiro filtro — se a criança vê algo que a assusta ou parece imprevisível, a recusa surge antes mesmo da primeira garfada.

O que fazer na prática?

Antes de insistir no “tem que comer”, a melhor pergunta é: O que exatamente está incomodando meu filho?

Algumas orientações ajudam muito:

  • Observe qual sentido ativa a recusa (textura? cheiro? visual?).

  • Introduza mudanças de forma gradual e previsível.

  • Permita contato sem obrigar a comer.

  • Respeite o tempo da criança.

  • Valorize pequenas aproximações.

Construir segurança sensorial é tão importante quanto oferecer os nutrientes!

A seletividade sensorial tem tratamento — e com acompanhamento adequado, a alimentação pode se tornar mais leve, segura e possível.

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