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Luto Infantil: como as crianças lidam com a morte?

O luto infantil na psicologia vem para explicar para a criança o que ela está sentindo e como lidar com o sentimento de perda. 

A experiencia de perder um ente querido é difícil até para os adultos, mas a criança terá inúmeras perguntas que não será capaz de responder sozinha: 

“ele não vem mais?”; “nunca mais vou vê-la?”; “para onde foi?”; “ela vai voltar?”; “como assim virou estrelinha?”. 

As dúvidas que as crianças carregam junto ao luto precisam ser acolhidas, entendidas e traduzidas. 

O luto é a reação emocional que temos ao passarmos por um episódio de perda, e não necessariamente é quando alguém morre. Acontece em diversas situações da vida, como rompimento de laços afetivos, mudanças de cidade, de círculos sociais, entre outras situações. 

No caso das crianças, o luto infantil às expõem a finitude da vida e das relações. Quando alguém morre, ou um pet por exemplo morre, a criança é exposta à situação de que até as pessoas boas para ela, ou um animal que a trouxe felicidade também se vai eternamente. 

A morte caminha junto ao desenvolvimento da criança, e em cada etapa de sua vida ela irá entender de alguma forma:

  • 0- 2 anos, a criança lida com o luto apenas como ausência e falta, e acredita que esta será revertida. 
  • 3 – 5 anos, a criança fantasia, e acredita que os pensamentos dela podem ocasionar ou evitar a morte. Ainda, é comum ela se sentir culpada, caso alguém venha a falecer, principalmente se ela julgou algum pensamento dela como inadequado. Nesta idade, a criança passa a perceber o processo de finitude através dos desenhos, jogos de video game. 
  • 6 – 9 anos, a criança entende o luto como algo que não terá mais volta, mas nesta etapa a criança tem muita dificuldade em lidar com seus sentimentos.  Ela acaba por questionar em alguns momentos as crenças e religião da família
  • A partir dos 10 anos, nesta etapa a criança já lida com o luto de maneira que entenda a finitude da vida e relações interpessoais. Além disso, consegue entender os motivos que levam aquilo, e conseguem flexibilizar seu pensamentos para relacionar uma possível causa-consequência da ausência de alguém. 

Como lidar com o luto infantil?

A finitude da vida pode ser explicada mesmo antes da perda de alguém. Nós podemos mostrar fotos antigas nossas de quando éramos crianças, e que agora nos tornamos adultos. Ainda, explicar que a avó ou avô também já foi criança um dia, e que agora já é “vovó”. 

Vale ressaltar que é importante que a criança entenda que o tempo passa, e muita coisa acontece durante isso. 

Caso a criança desperte a curiosidade, podemos falar o que aconteceu de forma afetuosa, sem eufemismo como: ”virou estrelinha”, mostrando de forma clara que a ausência de alguém agora fará parte, mas que isso não significa que aquela pessoa não mais a queira bem.

É importante que o adulto também seja aberto à mostrar a criança que ele também está triste, que ele chorou, e que vai lidar com isso. As crianças percebem quando estamos fingindo e quando estamos fugindo de um determinado assunto. Mas isto não é o que queremos, precisamos mostrar para a criança que é NORMAL sentir tristeza e desanimo neste momento. 

Para que o processo de elaboração do luto infantil seja fortificado é importante que a criança participe dos rituais de despedida, como velório e cerimonias. 

Como saber quando buscar ajuda? 

A mudança do comportamento da criança precisa ser o termômetro do adulto. Comportamentos que não existiam anteriormente, como: aumento do grau de irritabilidade, desanimo recorrente, não despertar interesse por coisas que antes eram sinônimo de energia e animação, podem ser sinais de alerta. É extremamente relevante entender que crianças  não conseguem compreender as emoções da mesma forma que um adulto e podem instalar quadros de ansiedade e depressão. Por isso, a busca pelo psicologo é importante. Este profissional irá prevenir e promover a saude mental e emocional dessas crianças. 
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Carolina Conte

Carolina Conte

Psicóloga infantil com especialização em intervenção precoce. Ainda, trabalha com psicanalise e comportamento.

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