Atraso Motor de Fala
“Meu filho tem 18 meses, e não fala nada!”
O atraso na fala pode ser identificado precocemente. Isto porque este momento é esperado como marco principal do desenvolvimento infantil. E assim, quando ele não ocorre, os pais tendem a visitar o pediatra e o fonoaudiólogo.
O “atraso na fala” é um sinal de que algo pode estar interferindo no desenvolvimento de linguagem, e este termo, acaba sendo genérico. Dentre os diferentes motivos que podem gerar atraso na fala estão: ambiente pouco estimulador, alterações globais do desenvolvimento, excesso de uso de telas, e também aspectos motores do desenvolvimento.
Atraso Motor de Fala
O atraso motor de fala é marcado por diferentes aspectos, mas principalmente a alteração nas praias motoras de fala. Assim, na chegado do consultório fonoaudiológico apresentam características em comum durante a tentativa de produção de fala. Estas crianças normalmente não se enquadram e não preenchem critérios para Apraxia de Fala na Infância, embora apresentem manifestações similares.
O atraso motor de fala está relacionado à execução neuromotora, especificamente, há um atraso na maturação do sistema motor da fala, causando dificuldade principalmente na precisão articulatória (Shriberg et al., 2019).
As crianças com este quadro são 3-4 vezes mais comuns na clínica fonoaudiológica do que crianças com Apraxia de Fala na Infância. Sendo assim, de 10 a 12% das crianças que apresentam alterações de fala, estão inseridas neste diagnóstico. A prevalência populacional é de 4 crianças a cada 1.000 (Shriberg et al., 2019)
Avaliação e Intervenção
Os profissionais podem observar essas crianças com alterações específicas durante a produção de fala. Por exemplo, deslizamento lateral/horizontal da mandíbula, menor capacidade de controlar abertura de mandíbula (especialmente durante a produção de algumas vogais), dificuldade em protruir e retrair os lábios com precisão ou movimentos retraídos excessivos dos lábios superiores.
As crianças com alterações motoras de fala apresentam resistência às abordagens terapêuticas tradicionais. Sendo assim, é importante que esta seja identificada o quanto antes por um profissional com expertise na área.
Atualmente, alguns estudos apontam o uso de pistas proprioceptivas como principal caminho terapêutico. O PROMPT tem sido uma técnica muito utilizada nestes casos, e os resultados, em um período superior à 10 semanas de intervenção, tem se mostrado favorável.
Fga. Me. Heloisa Gonçalves
Fonoaudióloga formada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana (2019) e doutorado em andamento no programa de Distúrbios da Comunicação Humana da UNIFESP - Escola Paulista de Medicina. Além disso, tem experiência nas alterações de fala infantil, como: Apraxia de Fala na Infância, Autismo, Comunicação Alternativa (PECS), Atraso na Fala e Transtornos no Desenvolvimento de Fala e Linguagem. Ainda, atua com treinamento e orientação parental e estimulação precoce. Em 2020, participou da escrita de capítulo do livro da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia: Estratégia e orientações em linguagem: um guia em tempos de COVID 19.